Além disso saiba como a doença se manifesta, suas características clínicas, o diagnóstico e seu tratamento.
O que é?
A paracoccidioidomicose é uma infecção fúngica profunda, causada pelo Paracoccidioides brasiliensis. O Paracoccidioide brasiliensis é um fungo encontrado em áreas úmidas. Esta condição é observada com maior frequência em pacientes que moram na América do Sul, principalmente no Brasil, Colômbia, Venezuela, Uruguai e Argentina ou na América Central.
Entretanto, imigrantes destas regiões e pessoas que visitam essas áreas podem adquirir a infecção. Em algumas áreas endêmicas, o tatu de nove listras atua como reservatório para o P. brasiliensis, assim como acontece na hanseníase. Embora não existam evidências de que o tatu possa infectar diretamente os humanos, ele pode ser responsável pela disseminação do micro-organismo no ambiente.
A paracoccidioidomicose tem uma marcante predileção por homens, com relação de homens para mulheres acometidas de 15:1. Acredita-se que esta diferença marcante seja atribuída ao efeito protetor dos hormônios femininos (uma vez que o beta -estradiol inibe a transformação da forma de hifas dos micro-organismos para a forma patogênica de leveduras). Tal teoria é suportada pela observação do mesmo número de homens e mulheres que apresentam anticorpos contra as leveduras. Os agricultores e moradores nos campos são os mais afetados, principalmente por serem regiões úmidas.
Características Clínicas
No momento do diagnóstico, os pacientes com paracoccidioidomicose estão caracteristicamente na meia-idade e muitos são trabalhadores rurais. Acredita-se que a maioria dos casos de paracoccidioidomicose apresenta-se inicialmente como uma infecção pulmonar (Primeira manifestação da doença) que ocorre após a exposição aos esporos dos micro-organismos. Embora as infecções sejam geralmente autolimitantes, o P. brasiliensis pode se espalhar por via hematogênica ou linfática para uma variedade de tecidos, incluindo linfonodos, pele e glândulas adrenais. O envolvimento das glândulas adrenais muitas vezes resulta em hipoadrenocorticismo (doença de Addison).
As lesões orais apresentam-se como úlceras moriformes, que geralmente acometem a mucosa alveolar, gengiva e palato. Os lábios, língua, orofaringe e mucosa jugal também podem ser envolvidos em uma porcentagem significante dos casos. Na maioria dos pacientes com lesões orais, mais de uma área na boca é afetada.
A cavidade oral na maioria dos casos é acometida de forma secundária, sendo o palato e a gengiva os locais mais acometidos. As lesões são ulceradas e apresentam um aspecto granular (multiplos pontos hemorrágicos) que na literatura é descrita como aspecto moriforme (ou "mulberry-like" em inglês), por lembrar o aspecto de frutas vermelhas.
Características Histopatológicas
A avaliação microscópica do tecido obtido de uma lesão oral pode revelar hiperplasia pseudoepiteliomatosa, além de ulceração do epitélio de superfície. O P. brasiliensis desencadeia uma resposta inflamatória granulomatosa do hospedeiro, caracterizada por coleções de macrófagos epitelioides e células gigantes multinucleadas.
Leveduras grandes (até 30 m de diâmetro) e dispersas são prontamente identificadas após a coloração do tecido com o método de PAS ou de prata metenamina de Grocott- Gomori. Os micro-organismos mostram, frequentemente, múltiplos brotamentos filhos ligados à célula mãe, resultando em uma aparência descrita como semelhante às “orelhas de Mickey Mouse” ou raios do leme de um navio (“leme de marinheiro”).
Diagnóstico
A demonstração dos brotamentos múltiplos característicos das leveduras, com características clínicas compatíveis, usualmente é adequada para estabelecer um diagnóstico de paracoccidioidomicose. Podem ser obtidos espécimes para cultura, mas o P. brasiliensis cresce lentamente.
Tratamento
O esquema de tratamento dos pacientes com paracoccidioidomicose depende da gravidade da doença. Os derivados das sulfonamidas têm sido usados desde a década de 1940 no tratamento desta infecção. Tais drogas ainda são usadas atualmente em muitas situações para o tratamento de casos leves e moderados, particularmente nos países em desenvolvimento com acesso limitado aos agentes antifúngicos novos e mais caros. Para casos graves há indicação de uso da anfotericina B intravenosa. Nos casos onde não há risco de morte, o itraconazol oral é a melhor opção, embora seja necessário o tratamento por vários meses. O cetoconazol também pode ser utilizado, porém os efeitos colaterais costumam ser maiores do que os observados com o uso do itraconazol.
Referência: Patologia oral & maxilofacial / Brad Neville... [et al.] ; [tradução Danielle Resende Camisasca Barroso... et al.]. — Rio de Janeiro : Elsevier, 2009.
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